O prático é responsável por conduzir os gigantes dos mares com segurança em áreas portuárias
Por Aline Andrade
Ao observar um navio de cruzeiro atracar suavemente em um porto, poucas pessoas imaginam que, por trás daquela manobra precisa, está o trabalho de um profissional que nem sempre faz parte da tripulação: o prático. Também chamado de maritime pilot ou harbor pilot, ele é o especialista encarregado de conduzir embarcações de grande porte — como cruzeiros, cargueiros e petroleiros — durante a entrada e saída de portos, canais e zonas costeiras de navegação complexa.
Com profundo conhecimento das águas locais, o prático atua como um verdadeiro guia náutico. Seu trabalho exige precisão cirúrgica, tomada de decisões em tempo real e, principalmente, um olhar treinado para riscos invisíveis aos olhos menos experientes.
Quem é o prático em um cruzeiro?
O prático é um profissional altamente qualificado, que assume temporariamente o comando da navegação do navio. Ele conhece com detalhes as condições locais: profundidade da água, regime de marés, correntes, obstáculos submersos, tráfego de outras embarcações e até as nuances do vento em cada trecho do canal.
Ao se aproximar da costa, uma pequena embarcação encosta no navio. A bordo dela está o profissional que, com agilidade e equilíbrio, sobe por uma escada lateral até alcançar o convés da embarcação em movimento. A partir dali, ele atua em sintonia com a equipe da ponte, conduzindo o navio até o cais com a precisão de um cirurgião.
O que exatamente o prático faz?
- O prático tem um papel decisivo em uma das etapas mais delicadas da viagem: a manobra portuária;
- Sua atuação começa antes mesmo de embarcar;
- Ainda em terra, ele estuda as condições meteorológicas, as marés e o histórico da embarcação que vai receber;
- A bordo, ele assume o controle da navegação ou atua lado a lado com o capitão, sempre de acordo com a legislação local;
- Durante a aproximação do porto, orienta o timoneiro, calcula o ângulo de entrada, ajusta a velocidade e posiciona a embarcação com exatidão milimétrica para atracar em segurança.
Esse trabalho é essencial não apenas para evitar acidentes, mas também para preservar o fundo do mar e as infraestruturas portuárias — especialmente em áreas com calado limitado (profundidade disponível sob a quilha do navio).
Riscos e precisão
Outra faceta importante da função é o gerenciamento de riscos. A transferência do prático entre a lancha e o navio é uma das partes mais perigosas da operação, feita com o mar em movimento e sob qualquer condição climática. Além disso, ele precisa tomar decisões rápidas diante de situações inesperadas, como mudanças súbitas no vento, problemas mecânicos ou obstáculos flutuantes.
Um desafio por trás de cada manobra
Atracar um navio de cruzeiro — que pode ter mais de 300 metros de comprimento e pesar centenas de milhares de toneladas — não é tarefa trivial. Exige conhecimento profundo, calma sob pressão e atenção máxima a detalhes que passam despercebidos ao olhar comum.
Em dias de nevoeiro, com visibilidade comprometida, ou sob ventos fortes, o desafio se torna ainda maior. O prático precisa confiar em seu treinamento e em ferramentas como radares, GPS, boias de sinalização e sistemas eletrônicos de navegação — mas, acima de tudo, em sua própria experiência.
10 Curiosidades sobre o prático
Obrigatoriedade legal
- Em muitos países, inclusive no Brasil, o uso do prático é obrigatório por lei para embarcações de grande porte em áreas de praticagem, como portos, canais e baías.
- O prático não assume o comando do navio, mas atua como consultor técnico local, com conhecimento preciso das condições náuticas da região.
Conhecimento milimétrico do porto
- O prático precisa conhecer cada metro da área portuária, incluindo profundidade, correntezas, marés, obstáculos submersos e condições climáticas locais.
Acesso ao navio por lancha ou helicóptero
- O prático embarca no navio em alto-mar, geralmente usando uma lancha de praticagem. Em locais mais difíceis (como em tempestades ou áreas remotas), pode-se usar helicóptero.
Trabalho contínuo, 24/7
O serviço de praticagem funciona ininterruptamente, inclusive à noite, feriados e em condições adversas, pois os navios atracam o tempo todo.
Cada região portuária tem sua ZP — Zona de Praticagem
O Brasil é dividido em 22 Zonas de Praticagem, e cada uma tem seus próprios profissionais registrados, organizados por entidades chamadas Praticagens.
Praticagem é uma das atividades marítimas mais antigas
A profissão existe desde a antiguidade. Registros mostram que egípcios e fenícios já usavam navegadores locais para orientar embarcações em áreas desconhecidas.
Cada porto tem características únicas que só o prático conhece
Profundidade variável por maré, canais estreitos, tráfego de barcaças, bancos de areia móveis — tudo isso influencia diretamente a manobra.
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