Conversa com Fernando Barroso de Oliveira e Jean Saraiva da Silversea Cruises traz mensagens para o mercado de luxo brasileiro
Por Fernanda Corrêa
A alegria e a boa energia dos brasileiros é muito apreciada a bordo dos cruzeiros da Silversea, companhia marítima de ultraluxo. Quem afirma é Fernando Barroso de Oliveira, embaixador do Venetian Society, programa de relacionamento da Silversea – durante sua estadia em São Paulo, onde visitou clientes e agentes de viagem juntamente com Jean Saraiva, diretor comercial para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Ao conhecê-lo pessoalmente, é fácil entender porque está à frente de diversas campanhas de comunicação da companhia. Fluente em sete línguas, com um charmoso sotaque português que entrega sua origem, Barroso acompanha todos os cruzeiros de volta ao mundo. Profundo conhecedor de destinos, é capaz de identificar desde a melhor pizza italiana até a melhor tâmara na Turquia. Está na Silversea desde sua fundação, em 1994 – e presenciou não apenas a evolução da frota para os atuais 12 navios, como também a mudança no perfil de viajantes ao longo desses anos.
“Há um potencial tremendo no Brasil que precisa ser trabalhado. Há pessoas que ainda não conhecem a Silversea e temos justamente dois produtos que o público brasileiro gosta de fazer. Temos o cruzeiro clássico, pelo Mediterrâneo, norte da Europa, Caribe, Alasca. E os cruzeiros de expedições para os brasileiros que já foram vinte vezes a Paris e que estão buscando algo novo”, afirma Barroso. Ainda sobre o perfil dos brasileiros que viajam na Silversea, “São muito sofisticados e divertidos. Pra mim é um prazer ter hóspedes assim a bordo, já sei que vou passar um ótimo cruzeiro”, completa.
A identidade da Silversea
Barroso conta que quando a companhia foi fundada pelo empresário italiano Manfredi Lefebvre, em 1994, eram poucas as companhias de luxo no mercado. “A Silversea foi criada por alguém que sempre teve possibilidade de fazer o que queria, em termos financeiros, e que pensou nas pessoas com seu mesmo estilo de vida”. Lefebvre lançou dois navios e foi sucesso imediato. “Com nível muito alto de tripulantes, o que não era normal no mercado até então, foi criado a bordo um ambiente intimista em que os tripulantes conhecem os hóspedes, mas com cuidado de respeitar a individualidade”, afirma Barroso.
O número mais reduzido de passageiros atraiu pessoas sofisticadas, que gostavam daquele ambiente mais globalizado. Aliado a isso, criou-se uma cozinha internacional com opções dentro da mesma especialidade tais como pratos sicilianos e piemonteses, de origem italiana.
“Com todos esses elementos, nossos cruzeiros são club-like, como um club que viaja. O ambiente é relaxado, refinado, casual, mas sem ostentação; é um tipo de viajante discreto e low-profile. Isso atrai muita gente”.
Quem faz uma viagem de volta ao mundo?
Para Barroso, em um cruzeiro de volta ao mundo embarcam pessoas que gostam de viajar e já se hospedaram em hotéis cinco estrelas como o Ritz, em Paris, ou o Dorchester, em Londres. “Pessoas que também já conhecem Hong Kong, Bangkok, Singapura, mas que desejam ir para Bornéu, para Papua New Guiné, ou para uma pequena ilha no meio do Pacífico. E para esse locais não tem como chegar de avião”, afirma.
Esse tipo de viajante quer viver a aventura de fazer a volta ao mundo. E há cada vez mais interesse nesse formato de viagem. “Antes, uma viagem de volta ao mundo tinha clientes de 70 a 80 anos. Nos últimos anos, a faixa etária baixou para 60 anos e hoje é comum recebermos clientes com 50 anos que venderam suas empresas”, afirma. E acrescenta: “durante a pandemia, hospedamos uma família com adolescentes, tinham aulas remotas enquanto navegavam.”
“Cabe a nós informar o agente de viagem, pois há um público específico que consome volta mundo”, diz Jean Saraiva. Uma curiosidade sobre o planejamento envolvido neste tipo de viagem é que “quem vai ficar quatro ou cinco meses fora de casa precisa se planejar, por isso lançamos com tanta antecedência os roteiros de volta ao mundo. Conheci um casal que contratou um contador para pagar suas contas, cancelar telefones e administrar tudo durante a viagem. É preciso organizar a vida pra ficar tanto tempo longe, até para levar estoque de remédio”, completa.
Os cruzeiros de expedição estão mais acessíveis
Segundo Jean Saraiva, em torno de 50% dos clientes que fazem expedições com a Silversea nunca viajaram antes pela companhia – e desses, muitos são new to cruises, ou seja, nunca fizeram um cruzeiro antes. “A faixa etária nas expedições é menor e o mercado cresceu muito, com novas companhias entrando, como a Swan Hellenic. Antes era um tipo de viagem distante, mas que hoje está cada vez mais acessível”, observa.
Sobre a crescente oferta de cruzeiros de expedição para a Antártica, Saraiva explica: “costumo fazer uma analogia com uma reserva do Quênia, na África. Atualmente, é como se a Antártica fosse uma grande reserva. A Silversea é um hotel, a Quark é outro e a Swan Hellenic, outro. As três companhias estão visitando um parque chamado Antártica mas, em cada navio, o viajante vai ter uma experiência diferente de hospedagem”.
Novas experiências a bordo
Em julho de 2018 a Silversea tornou-se oficialmente parte do grupo Royal Caribbean e está atraindo também as novas gerações de clientes. Sobre as novidades a bordo, os executivos destacam as experiências imersivas do programa S.A.L.T. (Sea And Land Taste), a bordo do Silver Moon e Silver Dawn – e também do Silver Nova e Silver Ray, a serem lançados respectivamente em 2023 e 2024.
A vivência se desdobra em três ambientes – a cozinha experimental do S.A.L.T. Lab, o restaurante S.A.L.T. Kitchen e o S.A.L.T. Bar. Em todos, a ideia é introduzir a degustação da culinária local durante os itinerários do cruzeiro. Enquanto navegam pela Grécia, por exemplo, as aulas de culinária, os cardápios e os drinks se adaptam aos ingredientes, receitas e produtos gregos, sempre pautados pela qualidade e exclusividade. Culinária da região da Andaluzia, na Espanha, degustação de licores italianos da região da Sicília são algumas descobertas da imersão S.AL.T.
Como mensagem final, Barroso enfatiza: “Queremos mais brasileiros na Silversea, queremos que venham mais, muitíssimos mais. Sempre me correspondo com passageiros brasileiros que costumam viajar conosco. Sinto-me em casa no Brasil, há uma energia diferente que toda tripulação percebe quando os brasileiros estão a bordo.”