Arquipélago equatoriano exibe uma flora e fauna únicas – que permanecem praticamente intocadas
Por Marjorie Luz
Quando o naturalista inglês Charles Darwin chegou a Galápagos, no Equador, a bordo do navio H.M.S. Beagle, em 1835, se deparou com uma fauna e flora únicas, que se diferenciavam de uma ilha para a outra do arquipélago. Foi o ambiente perfeito para contribuir com a sua teoria da evolução das espécies, que revolucionou os rumos da biologia. E toda essa história faz muita gente sonhar com uma viagem para Galápagos.
Para nossa sorte, muito do arquipélago de 186 anos atrás permanece intocado, proporcionando um contato sem igual com a natureza. Assim como fez Darwin, é possível embarcar numa expedição pelas Galápagos para descobrir tesouros que até hoje só existem lá.
Reunimos neste post dicas e informações para você planejar a sua viagem para as ilhas Galápagos. Confira!
Planejamento
A melhor opção é organizar o seu roteiro com uma agência de viagens, que se encarregará do planejamento de todos os detalhes. Por exemplo, os voos do continente para as ilhas devem ser realizados com a companhia de cruzeiro e o cuidado nesse deslocamento é extremamente importante. Um traslado perdido pode fazer sua viagem ir por água abaixo. Entenda abaixo outros detalhes importantes.
Como chegar
Não há voos internacionais direto para as Galápagos. É necessário voar até Quito ou Guayaquil e, de lá, pegar um voo até o aeroporto de Seymour, na ilha Baltra, ou São Cristóvão, na ilha homônima.
Para chegar ao arquipélago a tempo de embarcar nos navios é necessário voar pela manhã; desta forma, é indispensável uma noite de hospedagem em Quito ou Guayaquil. Uma curiosidade: há um fuso horário entre o continente e as ilhas; o tempo de voo entre Quito e Galápagos é cerca de 2h a 2h30 e a maioria faz escala em Guayaquil.
Quem tiver disponibilidade para uma viagem mais longa, pode aproveitar o pré-cruzeiro para conhecer as cidades – na capital equatoriana, por exemplo, vale passar no mínimo duas noites.
Algumas taxas requeridas para entrar nas Galápagos são Ingala (US$20), referente à, imigração; e o ingresso para o Parque Nacional de Galápagos, que custa US$50 para portadores de passaporte do Mercosul.
Dica Krooze: Nem pense em fazer a sua viagem para Galápagos de última hora. Essa viagem requer uma boa antecedência na reserva, tanto pela disponibilidade nos navios como pelos detalhes como logística, temporada, passeios e taxas.
Quando visitar
As ilhas Galápagos são um destino para visitar o ano todo. Apesar de sua localização equatorial, o arquipélago não possui clima tropical e apresenta pouca variação de temperatura. Possui duas estações principais. De julho a novembro é a estação seca e amena, caracterizada por dias de céu azul e praticamente sem vento, com águas mais frias devido à corrente de Humboldt, que cruza o norte de Galápagos. A diferença de temperatura do ar causa uma névoa no céu da região.
Já de dezembro a junho ocorre a estação chuvosa e quente, que em nada atrapalha o passeio. As chuvas são ocasionais e as temperaturas são quentes, tanto na água como em terra firme. O mar está mais calmo e com boa visibilidade, condição propícia para mergulho e snorkeling.
Dica Krooze: Você é uma pessoa apaixonada pela vida animal? Então esse também é um diferencial na hora de escolher a melhor época para visitar Galápagos. Embora muitas espécies sejam vistas durante o ano todo, o que muda são os hábitos delas, como a época de desova de tartarugas e o nascimento de filhotes de focas e leões marinhos. Informe-se sobre esses detalhes junto à companhia marítima.
Curiosidades sobre Galápagos
Conservação ambiental
Galápagos é um dos destinos mais sustentáveis da América do Sul. O arquipélago é administrado pelo Parque Nacional de Galápagos, responsável pela conservação ambiental. Para não impactar a biodiversidade e o ecossistema local, a instituição controla o número de embarcações que navegam pelo arquipélago diariamente, bem como o número de passageiros a bordo. Não há chances para “overbooking” – se o limite estabelecido for atingido, o navio não pode embarcar com sequer um hóspede a mais.
O governo equatoriano, por sua vez, estabelece uma série de regras junto às companhias marítimas para apoiar a economia local. Isso começa pelas embarcações que são todas registradas com a bandeira do Equador – e ficam posicionadas o ano inteiro apenas no arquipélago.
Todas as refeições servidas a bordo devem ser feitas a partir de ingredientes produzidos localmente na América do Sul. Os peixes, por exemplo, não podem ser importados; e, na ausência de vinhos equatorianos, são oferecidos rótulos chilenos e argentinos. Até mesmo cosméticos devem ser de marcas equatorianas.
Jean Saraiva, diretor de vendas da Silversea – cujo barco Silver Origin navega em Galápagos – na América do Sul, explica o impacto dessas regras do governo equatoriano junto às companhias: “Acredito que isso torna os navios mais sustentáveis e preocupados não só com o meio-ambiente, mas em movimentar a economia local.” O resultado desses esforços também se reflete na experiência dos viajantes. “Ao fazer essa viagem para Galápagos, além de conhecer o destino, os viajantes têm a oportunidade de viver uma imersão regional.”, conclui Saraiva.
Conhecimento adquirido
As expedições vão muito além das realizadas pelos cruzeiros comuns: são viagens que proporcionam um conhecimento profundo sobre o destino local. Nas noites anteriores a cada excursão em terra, especialistas e naturalistas dão uma “aula” para detalhar o que será visto – e continuam à disposição no dia seguinte para tirar dúvidas, afinal, trata-se de um ambiente totalmente incomum, e esse aprendizado prévio faz toda a diferença nessa experiência.
Espécies
Galápagos abriga cinco mil espécies, das quais estimam-se que duas mil são endêmicas – ou seja, existem apenas lá. Dentre elas estão as famosas tartarugas gigantes, iguanas terrestres e marinhas – e os tentilhões, espécie de pássaro que ajudou Darwin a elaborar a teoria da evolução, entre outras. O arquipélago é habitado por um grupo de animais icônicos, apelidado de Big 15 (conheça-os aqui).
Embora os animais sejam vistos durante o ano todo, o que muda são os seus hábitos, como a época de desova de tartarugas e os nascimentos de filhotes de focas e leões marinhos. Esse fator também deve ser levado em conta na hora de escolher o período da sua viagem.
Mergulho
As ilhas Galápagos são famosas por sua população de tubarões-martelos e uma rica vida marinha. Com águas frias, correntes e condições específicas, seus mares são indicados para mergulhadores com nível avançado. Mas se você for iniciante e quiser mergulhar durante sua viagem para Galápagos, também pode se aventurar em lugares como as ilhas North Seymour e Santa Fé. Já a ilha de Santa Cruz, na Estação Científica Charles Darwin, é ponto de mergulho ideal para ver tartarugas marinhas.
As companhias marítimas não oferecem mergulho com cilindros, apenas mergulho livre com snorkel, durante os cruzeiros regulares. Mas nem tudo está perdido. Existe a possibilidade de fretar embarcações, cujos roteiros podem ser ajustados para incluir essa experiência. Ou, ainda, combinar um programa terrestre pós-cruzeiro para ter ainda mais flexibilidade e tempo para mergulhar nas águas de Galápagos.
Principais ilhas de Galápagos
De origem vulcânica, Galápagos é constituída por mais de 233 ilhas, ilhotas e rochas, distribuídas entre os hemisférios Sul e Norte. Essa localização confere ao arquipélago paisagens completamente diferentes. Lá você encontrará desde cenários lunares a praias de areias brancas, vermelhas e verdes. Veja a seguir as principais ilhas para o turismo.
São Cristóvão
Maior ilha do lado oriental, é onde está situado Puerto Baquerizo Moreno, um dos dois aeroportos que servem o arquipélago. É caracterizada por praias de coral, com bons pontos para nado. Lá encontram-se espécies como as aves cucuve de São Cristóvão, fragatas e atobás de patas azuis.
Floreana
No extremo sul, exibe cones vulcânicos, reflexo da contínua e prolongada atividade vulcânica. Destacam-se a Punta Cormorant, excelente praia para nado, e a ilhota Champion, um dos melhores pontos para snorkel. Alguns animais avistados são as aves de lagoa como, zarapitos, patos, garças e flamingos, além de tartarugas marinhas e arraias.
Seymor Norte
Diferente de outras ilhas de Galápagos, Seymour Norte não é um vulcão. A ilha foi criada pela elevação da lava submarina. Seu terreno é rochoso, com falésias, e exibe vegetação de zonas áridas, como cactos opuntia e árvores de palo santo. É lar de berçários naturais das fregatas e lobos marinhos, gaivotas, atobás de patas azuis e iguanas marinhas.
Espanhola
Ao sul, é uma das ilhas mais antigas, bem desgastada pelos efeitos da erosão. Seus penhascos proporcionam uma bela vista da região. Os pontos de interesse são a Baía Gardner, para nadar e mergulhar com snorkel e remar de caiaque; e a Punta Suarez, região para caminhada, natação e mergulho. Dentre a vida marinha, destacam-se berçários de atobás de patas azuis e, entre abril e dezembro, uma ativa colônia de albatrozes.
Genovesa
Situada ao norte, seu ecossistema difere-se das demais ilhas devido ao seu isolamento e ao efeito das correntes do norte. Sua grande população de aves lhe renderam o apelido de Ilha das Aves. Abriga berçários de atobás de Nazca, atobás de patas vermelhas, gavotin pardo, pardelas, rabo-de-palha-de-bico-vermelho, petréis e fragata real; lobos marinhos e lobo-marinho-de-galápagos.
Rábida
Também conhecida como Jarvis, Rabida distingue-se por sua intensa coloração avermelhada, resultante da presença de ferro e outros minerais em sua composição vulcânica. Seu terreno, formado por vegetação de áreas costeiras e áridas, abriga colônias de lobos marinhos, pelicanos pinzones de Darwin e cucuves.
Plaza Sul
Na costa leste de Santa Cruz, esta ilha foi originada da elevação de lava submarina. Exibe flora extraordinária, como a figueira da Índia (espécie de cacto) e sesuvium, planta florida cuja coloração verde intenso muda para vermelho alaranjado na estação seca. É habitada por pássaros tropicais, gaivotas e iguanas terrestres de Galápagos.
Santa Cruz
Essa é a segunda maior ilha, a mais desenvolvida e onde vive a maior parte da população das Galápagos. O segundo aeroporto do arquipélago fica em Baltra, uma ilhota ao lado de Santa Cruz, acessada por balsa. O grande atrativo da ilha, situado em Puerto Ayora, é a Estação Científica Charles Darwin, onde é desenvolvido um programa de criação das tartarugas gigantes. Na ilha também são avistados aves como pinzones de Darwin, papa-moscas de Darwin e mimão de Galápagos, além de berçário de tartarugas marinhas, iguanas terrestres, entre outras. Com vegetação rica, Santa Cruz oferece uma variedade de atividades como caminhadas, bicicleta e caiaque, além de pontos para snorkel.
Fernandina
Ilha vulcânica mais ativa e intocada, possui estado praticamente primitivo. A exceção é um único local para visita na borda nordeste de seu território. Fernandina abriga colônias de iguanas marinhas, lobos marinhos, berçário de cormorões não voadores, pinguim de Galápagos e cobra de Galápagos.
Isabela
Maior ilha das Galápagos, é formada por seis vulcões ainda em processo de formação. Aqui está a parte mais alta do arquipélago: no vulcão Wolf, com 1.707m de altura. É lar de pinguins de Galápagos, tartarugas gigantes, iguanas terrestres, cormorões não voadores, tartarugas e iguanas marinhas. A observação dos vulcões, passeio de barco e mergulho com snorkel são algumas das atividades possíveis.
Santiago
Ilha onde Darwin passou mais tempo, é um antigo vulcão e exibe uma das formações mais espetaculares. Possui longo fluxo de lava e superfícies lisas, com aspecto de uma cadeia de montanhas. Um dos destaques é o Sombrero Chino, um pequeno canal de água que proporciona excelentes condições para mergulho com snorkel para observação de tubarões, leões marinhos, pinguins e arraias. Já a Baía Sullivan exibe praia de areia branca e é excelente para nado.
Bartolomé
Pequena ilha situada no centro de Galápagos, tem como maior atrativo a Rocha Pináculo. Na sua base, uma pequena colônia de pinguins convive com leões marinhos e aves marinhas. Uma caminhada leva até um mirante que proporciona vistas de mais de dez ilhas do arquipélago em dias claros.
Santa Fé
A ilha mais antiga, de formação rara – originada do levantamento de uma camada precedida por dobras de placas litosféricas. Relativamente plana, possui uma lagoa azul-turquesa em sua baía. Possui a maior concentração de espécies endêmicas das Galápagos: iguana marinha de Santa Fé, sabiá de Santa Fé, o rato de arroz de Santa Fé e o lagarto de Santa Fé. Um dos passeios populares é a Baía Barrington, para encontrar lobos marinhos.
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