No dia em que se repensam ações para preservar o planeta, reunimos iniciativas do setor de cruzeiros para minimizar impactos e contribuir com o desenvolvimento ambiental
Por Luísa Medeiros
Preservar, conviver em harmonia, minimizar impactos. Essas têm sido algumas das premissas das principais companhias de cruzeiros do mundo em ações de sustentabilidade. Hoje, 22 de abril, o planeta celebra o Dia da Terra, uma data para lembrar a defesa do meio ambiente, promover reflexões sobre o planeta e o desenvolvimento de uma consciência ambiental. Nesse sentido, reunimos algumas iniciativas para contribuir nessa causa que é de todos.
A preservação ambiental sempre foi um desafio para a indústria naval e de cruzeiros, pelo grande fluxo de embarcações navegando e suas dimensões, que impactam no meio ambiente. No entanto, a modernização das frotas levaram esse cuidado para outros patamares. Atualmente, se investe muito em tecnologia para minimizar impactos, promover a preservação e conviver de forma sustentável com o meio ambiente, especialmente o mar.
Uso de energia limpa
Um dos principais objetivos da IMO (Organização Marítima Internacional) é reduzir a emissão de carbono em navios, de todos os usos, em 40% até 2023 – índice que deve chegar a 70% em 2050 – em comparação às emissões de 2008. De acordo com Marco Ferraz, presidente executivo da CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), a representação internacional da CLIA assinou, em 2022, um compromisso em reduzir 100% a emissão de carbono em navios de cruzeiro até 2050 – da operação à fabricação do combustível.
Para atingir esse patamar, as companhias de cruzeiro estão investindo em tecnologia para que os navios sejam movidos a gás natural liquefeito (GNL). Recentemente, foi criado um fundo de 5 bilhões de euros para fomentar pesquisas nesse sentido, que exploram novas fontes de energia limpa como hidrogênio, metano e amônia.
O mercado já está experimentando, também, navios com tecnologia diferenciada, como por exemplo o MSC World Europa, que adotou uma célula de combustível de óxido sólido (SOFC) movida a GNL. Com ela, é possível produzir eletricidade e calor a bordo de maneira ainda mais eficiente, em uma reação eletroquímica.
Esforços também estão sendo empreendidos nos sistemas de catalisadores (os EGCS), que reduzem a emissão de enxofre, óxido de nitrogênio e outras partículas poluentes. Novos hábitos, como a navegação em menor velocidade e distâncias mais curtas entre as escalas, também devem ser incorporados pelas companhias para impactar na emissão de gases.
Uso eficiente de energia
Sistemas de ar condicionado e iluminação têm recebido atenção especial nos últimos anos. Assim como nos sistemas de grandes edifícios, o sistema de iluminação foi trocado para lâmpadas de LED, ganhando eficiência (menor consumo) e durabilidade, além de possibilitar um monitoramento inteligente em cada setor do navio.
Sistemas de ar-condicionado inteligentes também têm ganhado espaço, junto com ajustes simples mas fundamentais, como janelas escurecidas e portas no sistema abre-fecha, que evitam o aumento da temperatura no interior do navio.
Abastecimento em terra
Os portos também estão recebendo investimentos para expandir o fornecimento de energia terrestre para os navios atracados. Isso já pode ser observado em lugares como Southampton (Reino Unido) e Rostock-Warnemünde (Alemanha). Essa energia permite que os navios desliguem seus motores quando atracados, reduzindo emissões, melhorando a qualidade do ar local e reduzindo os níveis de ruído.
Tecnologia de reciclagem de lixo mais avançada
Atualmente, todas as companhias de cruzeiros pensam em sustentabilidade ao realizar a reciclagem do seu lixo. Desde a separação, reuso, desembarque ou incineração. Inclusive, quando os materiais são queimados, são transformados em energia.
De acordo com a CLIA, o volume anual de reciclagem é de 80 mil toneladas, incluindo vidro, alumínio e plástico, na indústria global. Outro fator interessante é que o uso de plástico está sendo eliminado pouco a pouco, a bordo, no que se refere a embalagens, amenities e utensílios.
Investimentos nos sistemas de tratamento de água
A dessalinização da água do mar para utilização a bordo já é uma prática de sustentabilidade quase global, na indústria de cruzeiros. Com exceção da cozinha, toda água utilizada nos navios – isso inclui piscinas, banheiros, limpeza – são fruto de um processo de retirada da água do mar para tanques de dessalinização a bordo.
Atualmente, existem sistemas modernos de purificação de água a bordo em dois âmbitos: os resíduos de água do uso de cozinhas e banheiros; e o de água de esgoto. Depois de purificada, elas podem sair até mais limpas que a própria água do mar ou rio que os navios navegam, o chamado Padrão Báltico.
Os navios também precisam cumprir com a Convenção de Gerenciamento de Água de Lastro da IMO, que é a água utilizada pelos navios para compensar as variações de peso de cargas e manter o navio estável. Dessa forma, se evita a introdução de espécies invasoras no ambiente marinho por meio de descartes de água de lastro.
Pequenos detalhes, grandes mudanças
Pode parecer pouco, mas às vezes uma leve mudança de design significa uma navegação dos navios de cruzeiros com mais sustentabilidade. A recente colocação de uma estrutura chamada de bulbo na frente dos cascos, por exemplo, diminui o arrasto do navio – ou seja, a resistência da água em seu movimento.
Além disso, passou-se a utilizar uma tinta mais lisa e antivegetativa (que não permite o crescimento de algas e organismos marinhos) e pequenos furos na estrutura do casco, que permite ao navio deslizar mais facilmente na água. Somente essas mudanças, diminuíram o consumo de combustível em 5%. E quanto menos combustível utilizado, menos poluente é despejado no ar.
Menos ruídos para a preservação da vida marinha
As companhias estão investindo em tecnologia para a redução de ruído subaquático, desde a construção dos navios com um casas de máquinas mais protegidas, até a adaptação de navios mais antigos. Ao reduzir o impacto sonoro acústico, reduz-se seus efeitos potenciais sobre a fauna marinha, particularmente os mamíferos marinhos que nadam em águas vizinhas.
Respeito às comunidades
Cada vez mais, as companhias estão atuando em conjunto com operadores turísticos para promover práticas de turismo sustentável. São treinamentos, adaptações de roteiros e excursões e atividades de educação ambiental, preferencialmente utilizando agentes locais e ajudando a promover o desenvolvimento sustentável da comunidade.
Modificações de rotas também estão sendo adotadas para preservar populações marinhas ameaçadas. Um exemplo são os esforços para preservar as cachalotes (espécies de baleias) no leste do Mar Mediterrâneo, onde os navios estão sendo redirecionados para oeste e sul do Peloponeso e sudoeste de Creta, durante a temporada.
Algumas companhias que possuem suas ilhas particulares, como a Norwegian Cruise Line, a MSC e a Disney, por exemplo, fazem um trabalho de aproximação com a população da região, gerando emprego e renda. A preocupação com a preservação marinha no entorno desses resorts também é visível em campanhas, ações e protocolos para utilização dos espaços.
Comentários
Comments are closed.