Primeiros painéis do 6º Fórum CLIA Brasil 2024 debateram a situação global da indústria de cruzeiros, o papel dos portos e cidades para atrair mais navios e os desafios de sustentabilidade e descarbonização
Por Luísa Medeiros
A indústria de cruzeiros passa por grandes transformações – e, com elas, vêm desafios e possibilidades a serem exploradas. Os três primeiros painéis do 6º Fórum CLIA Brasil 2024 debateram temas pertinentes para este momento. A situação global da indústria de cruzeiros abriu a discussão, seguido do papel dos portos e cidades para atrair ainda mais navios para seus destinos, e também os desafios de sustentabilidade e descarbonização do setor.
Os temas, ainda que bastante distintos, se entrelaçam em uma realidade bastante complexa. A emergência climática impulsiona os diversos setores a encontrar caminhos sustentáveis ao desenvolvimento da indústria de cruzeiros. Não à toa, sustentabilidade é uma das grandes prioridades da CLIA e foco do evento. Um olhar ao desenvolvimento sustentável que dá credibilidade e competitividade ao mercado, nesse sentido, se mostra indispensável.
Confira os principais pontos tratados nos painéis:
1º Painel – State of The Cruise Industry
Participaram do painel Dario Rustico, presidente executivo para as Américas da Costa Cruzeiros; Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros no Brasil; Estela Farina, diretora geral da Norwegian Cruise Line no Brasil; e André Pousada, vice-presidente regional de relações governamentais para América Latina do Grupo Royal Caribbean. A mediação foi do jornalista André Coutinho.
Os painelistas abordaram as tendências globais, necessidades de investimentos e desafios da indústria de cruzeiros, especialmente no Brasil. Foi apontado que o mercado de cruzeiros é grande, sólido e com um potencial de crescimento imenso em diversos lugares do mundo. Nesse sentido, o Brasil com sua costa enorme e diversificada está sempre no radar das principais companhias de cruzeiros do mundo.
Foi salientada, então, a importância do país adotar metas claras de crescimento a médio e longo prazo. Segundo os executivos, somente com uma visão de futuro sólida será possível buscar investimentos de companhias que ainda não estão presentes na temporada brasileira. Outro fator a ser olhado com atenção é a diminuição da burocracia e custos operacionais no Brasil – em uma parceria necessária e urgente com o poder público.
2º Painel – Competitividade e Inovações: O Papel das Cidades em Atrair Cruzeiristas
Os painelistas foram Marc Olichon, presidente da TurisAngra; Zene Drodowski, presidente da fundação de turismo e desenvolvimento econômico de Porto Belo; Ricardo Cretella, secretário adjunto de desenvolvimento econômico e turismo de Ilhabela; e Bruno Matos, subsecretário de turismo do Rio de Janeiro. A mediação foi do jornalista e consultor portuário Maxwell Rodrigues.
Nesse painel, foram discutidas as formas que os destinos se preparam para receber os cruzeiristas. Entre os principais desafios elencados pelos painelistas estão o alto investimento em infraestrutura, a atenção especial à segurança pública e também um olhar para a diversificação de atrações nos portos e cidades.
Levando em consideração que muitos cruzeiristas da temporada brasileira são repeaters, ou seja, já fizeram pelo menos um cruzeiro antes, se torna fundamental olhar para a inovação. Novas atrações, melhorias de infraestrutura, excursões e soluções sustentáveis aos cruzeiristas, nesse sentido, enriquecem a experiência do viajante.
3º Painel – Navegando Rumo à Descarbonização: O Futuro da Conexão Elétrica nos Portos e Combustíveis Sustentáveis na Indústria de Cruzeiros
Por fim, o último painel da manhã contou com a participação de Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil; Rafaela Gomes de Souza e Silva, coordenadora-geral de sustentabilidade no Ministério de Portos e Aeroportos; Comandante Flavio Mathuiy, da comissão coordenadora de sustentabilidade da IMO – Marinha do Brasil; e Hans Fuchsloch, da Petrobras. A mediação foi de Maxwell Rodrigues.
No painel, os especialistas em sustentabilidade debateram como a indústria de cruzeiros está mobilizada para investir em ações que diminuam o impacto ambiental e caminhem em direção à descarbonização. O uso de novos combustíveis, as inovações tecnológicas dos navios, bem como a preparação dos portos para garantir uma perenidade nas ações sustentáveis foram os principais pontos elencados.
Foram apresentadas metas, gráficos e números que ressaltam os compromissos adotados pelas companhias e os órgãos públicos. A redução total da emissão de gases poluentes, por exemplo, está previsto para 2030. No entanto, salientaram os especialistas, todos os personagens precisam caminhar no mesmo ritmo. As companhias têm seu papel de investir em equipamentos e práticas sustentáveis; os portos precisam estar equipados para receber dejetos e abastecer com combustíveis limpos; e os governos, por sua vez, precisam ajudar a fomentar as ações de forma transversal.
À tarde, novos painéis serão realizados. Você pode conferir a programação completa aqui.