Estudo realizado pela CLIA Brasil e a Fundação Getúlio Vargas mostra perfil dos viajantes e impacto dos cruzeiros na temporada 2022/2023
Por Fernanda Corrêa
A grande maioria dos cruzeiristas brasileiros (92%) desejam fazer um novo cruzeiro e voltar aos destinos das escalas. As mulheres representam mais da metade deste público (60,80%), sendo que o nordeste brasileiro é o destino preferido. Entretanto, Caribe e Europa também estão na lista de desejos. Viajam em média 4,9 dias e consomem entre 600 e 800 reais nas cidades de embarque e desembarque. Em suma, toda a cadeia envolvida no setor de cruzeiros injetou R$ 5,1 bilhões de reais na economia brasileira, entre outubro de 2022 e abril de 2023.
Estes são alguns dos dados do Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil – Temporada 2022/2023, produzido pela CLIA Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O lançamento foi realizado nesta quarta-feira, 30 de agosto, durante o 5º Fórum CLIA Brasil 2023, em Brasília. Sobre os resultados, o presidente da CLIA Brasil, Marco Ferraz, comenta: “Mais leitos ofertados, mais cruzeiristas, mais roteiros e maior eficiência dos navios levaram a indústria de cruzeiros no Brasil a alcançar números recordes na última temporada; e mostrar sua força e alta capacidade de retomada”.
Entretanto, segundo Ferraz, tanto a temporada passada como a próxima apresentam os maiores custos operacionais de todos os tempos. “O Brasil teve uma rápida recuperação no pós-pandemia; mas, a retomada de outros países mais competitivos traz um grande risco de perdermos navios futuramente. Por isso, precisamos buscar melhorias em temas como infraestrutura, segurança pública, regulação e desenvolvimento de novos destinos; além de estarmos preparados para receber os novos navios, que são maiores, mais tecnológicos e sustentáveis”, explica Ferraz.
Perfil do cruzeirista brasileiro, segundo estudo da CLIA
O cruzeiro é uma vitrine para os viajantes conhecerem diversos destinos e voltarem em outro momento. Assim, quase 92% dos pesquisados desejam realizar um novo cruzeiro, e 87% querem retornar ao destino de escala. Quanto à frequência, 66,1% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado de cruzeiro, em média, quatro vezes.
Quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 66,2% informaram o litoral do nordeste. Por outro lado, 41,8% indicaram o Caribe e 36,8% a Europa como preferência de viagem ao exterior. Destes viajantes, 60,8% são mulheres e 39,2%, homens. Em relação ao estado civil, 61,4% informaram ser casados ou estar em união estável. De maneira geral, os cruzeiristas viajam acompanhados (98,9%), sendo os principais acompanhantes filhos e parentes (51,9%), cônjuge (24,7%), e amigos (19,5%).
Impacto dos cruzeiros na economia brasileira
Cada 1 real investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 4,05 na economia nacional. Desta forma, a temporada 2022/2023 injetou R$ 5,1 bilhões na economia brasileira. Assim, tornou-se a maior dos últimos 10 anos. As companhias de cruzeiro geraram aproximadamente R$ 3 bilhões; enquanto cruzeiristas e tripulantes gastaram R$ 2,1 bilhões nas cidades e portos de embarque, desembarque e escalas, valor seis vezes maior que a temporada anterior.
Acompanhe os números da temporada 2022/2023, entre outubro de 2022 a abril de 2023:
- Nove navios percorreram 17 destinos dentro do Brasil.
- 802.758 cruzeiristas viajaram de navio.
- 79.567 postos de trabalho foram gerados – destes, 1.652 eram tripulantes dos navios (35,1% superior ao gerado na temporada anterior) e os outros 77.915 foram empregos diversos.
- Os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes (excluindo as companhias) foram: alimentos e bebidas (R$ 631,4 milhões); comércio varejista, em despesas com compras e presentes (R$ 618,4 milhões); seguido por transporte durante a viagem (R$ 508,9 milhões); transporte antes e/ou após a viagem (R$ 325,3 milhões); passeios turísticos (R$ 260 milhões); e hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro (R$ 93,8 milhões).
Como mensagem final sobre as perspectivas do setor no Brasil, Ferraz completou: “O presente é positivo e o futuro pode ser ainda mais promissor se conseguirmos melhorar a competitividade do setor no Brasil e América do Sul, sempre com responsabilidade e muito trabalho focado nas pessoas, no meio ambiente, no compliance e nas comunidades visitadas pelos navios. A CLIA trabalha continuamente para que a indústria de cruzeiros siga evoluindo e possa contribuir ainda mais para a economia e geração de empregos na nossa região”.
Setor de cruzeiros no mundo
No cenário global observa-se uma tendência de crescimento. A indústria mundial recebeu 26 navios em 2022 e receberá mais 22 durante 2023. Assim, esse crescimento da frota resultou em um acréscimo de 104 mil leitos. Ainda de acordo com a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA), 20,4 milhões cruzeiristas viajaram pelo mundo em 2022; por fim, em 2023, esse volume é estimado em um total de 31,5 milhões de pessoas.
A preocupação com o meio ambiente e sustentabilidade é atualmente foco da indústria de cruzeiros marítimos. As companhias associadas à CLIA, por exemplo, têm estabelecido metas ambiciosas, traçando o caminho para zerar a emissão de carbono até 2050.
O estudo está disponível na íntegra no site da CLIA Brasil.