A cruzeirista Clara Simão conta como foi seu cruzeiro de volta ao mundo a bordo do navio MSC Poesia, em 2023
Por Luísa Medeiros
“É mágico.” Esse é o resumo que faz brilhar os olhos da cruzeirista Clara Simão. Ela esteve a bordo do MSC Poesia durante quatro meses, em 2023. E visitou junto com seu companheiro, Carlos dos Santos, 52 destinos em 33 países, percorrendo seis continentes. “O nosso sentimento é que não dá para colocar na mesma linha de tempo – o que vivemos lá e a nossa vida. Parece que é um outro mundo”, narra.
Entre experiências únicas como vivenciar um terremoto em alto mar ou até “perder” um dia inteiro por ajuste de fuso horário ao cruzar o Meridiano de Greenwich, Clara narra como inesquecível, o período em que viveu a bordo do navio. Fazer um cruzeiro que circunda o globo terrestre é uma experiência que nunca vai esquecer.
Planejamento de quase dois anos
A brasileira, que mora na Alemanha, teve a cabine do navio como sua casa de janeiro até maio do ano passado. Mas a viagem começou bem antes disso. Clara conta que começou a sonhar com um cruzeiro de volta ao mundo depois de conhecer algumas pessoas que fizeram uma viagem de seis meses. “Já tínhamos pensado em passar uma temporada longa viajando, mas seis meses era inviável, pra nossa realidade. Conversamos com um agente de viagem e descobrimos esse da MSC. Era época de pandemia, ainda faltavam quase dois anos para a viagem mas as cabines estavam esgotando rapidamente, então fechamos quase no impulso”, narra.
Se por um lado teve correria para juntar todos os cartões de crédito do casal e acertar a compra, por outro, teve bastante tempo para organizar a viagem. Fizeram, então, uma planilha com todos os destinos e a documentação que precisavam providenciar, para entrar em cada um deles. “Não tinha muita informação disponível, quando se entra de navio, o processo é diferente. E tinha lugares como a China, por exemplo, que ainda estavam fechados por causa da pandemia, então sequer tínhamos certeza se iríamos conseguir visitar”, conta.
O que visitar em cada parada?
Nos meses que antecederam a viagem de volta ao mundo, ainda providenciaram a organização do aluguel temporário da casa e os dois pedidos de demissão, para poder se ausentar durante tanto tempo. O embarque foi em Gênova, na Itália, e o casal ficou hospedado em frente ao porto. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Clara mostra que já enxergava, da janela, a sua futura casa. O trajeto do hotel ao embarque e as primeiras impressões do navio mostravam um misto de alegria e ansiedade.
Já no segundo dia, a primeira parada em Marselha, na França, foi para experimentar o que eles vinham planejando há dois anos. “Fomos organizando mapa por mapa, lugar por lugar. Não fechamos nenhuma excursão extra, além das 15 que estavam incluídas no pacote, então os outros passeios encaixamos dentro do nosso limite”, conta.
Ao longo das paradas, eles aprenderam uma lição que é uma importante dica para futuros cruzeiristas de volta ao mundo: não dá pra visitar tudo que se quer. “A gente aprende, no cruzeiro, que não dá pra conhecer tudo. A gente conhecia lugares específicos em poucas horas – se tentar ver tudo, só gera um stress com a correria e deixa de ser prazeroso. A gente aprendeu a conhecer o que o lugar proporciona, a viagem ensinou isso pra gente”, explica.
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Sem tédio a bordo em uma volta ao mundo
Ao contrário do que muitos pensam, não existe tédio a bordo de um cruzeiro de volta ao mundo. Clara conta que tem programação disponível e diversificada o dia inteiro. “Em trechos como na Ásia, que era um porto atrás do outro, a gente até ansiava por um dia de navegação. São dias mais relaxantes, que a gente cria uma rotina, consegue se cuidar”. Um dos destaques era a programação noturna e algumas oficinas, que mantiveram o casal ocupado em até seis dias de navegação seguidas.
Alguns momentos vividos a bordo transformaram o cruzeiro de volta ao mundo em um momento ainda mais especial. Por exemplo, quando o navio cruzou a Linha do Equador e foi realizado uma cerimônia a bordo, onde Netuno passa a chave para o capitão passar pela linha imaginária, além de um banho de piscina com rituais de Netuno e pintura de guerra.
Além disso, o cruzeiro realizou uma série de “primeiras paradas” da embarcação em portos ao redor do mundo. E, cada vez que isso acontece, é realizada uma cerimônia e uma placa é adicionada na parede do navio. Uma grande festa também marcou o final da navegação, quando todos os cruzeiristas ganharam um prato comemorativo, onde está desenhado o mapa do cruzeiro.
Perrengues na volta ao mundo? Claro que sim!
A navegação em alguns trechos, conta, foi bastante tensa. Além de um terremoto em alto mar, em que eles puderam sentir o mar tremendo, Clara lembra que na travessia em direção ao Havaí, o MSC Poesia chegou a enfrentar ondas de até cinco metros. “Aí balança mesmo, não tem jeito. Tiveram alguns cruzeiristas que até desistiram da viagem, nesse trecho”.
Outro ponto negativo, elencado pela cruzeirista, foi a falta de preparo da equipe de imigração, que não passava as informações corretas, deixando os viajantes sem orientação. “Alguns viajantes foram orientados até a descer do navio, voltar na sua cidade natal para conseguir determinado documento e depois ‘tentar alcançar o navio em outra parada’ – mas no fim deu tudo certo. Ou seja, um stress desnecessário”. Além disso, contou que, apesar dos espetáculos e das festas serem sempre muito animadas, foi um pouco cansativo ouvir o mesmo repertório das bandas durante todos os quatro meses.
Convivência com cruzeiristas e tripulantes
A brasileira conta que foi incrível conviver com tanta gente de tantos lugares e durante tanto tempo! “Praticamente um BBB”, brinca, fazendo referência ao programa televisivo em que os participantes ficam confinados em uma casa. Mas, em geral, a troca com outros viajantes – mesmo que a média de idade fosse entre 70 e 80 anos – foi muito boa.
Ela conta, ainda, que havia muitos cruzeiristas que estavam fazendo sua terceira ou quarta volta ao mundo de navio. “E também tinha mais brasileiros do que imaginávamos”, afirma. A tripulação, em especial a equipe de animação, foi primordial para manter os dias leves e divertidos. “Fizemos amigos que queremos levar para a vida toda”.
Próxima viagem
Diz a música que “quem é do mar não enjoa”, e Clara e o companheiro já estão sonhando com o próximo cruzeiro. Talvez em 2026, mas em um outro roteiro, para conhecer lugares diferentes. Com os pontos e benefícios que ganharam na MSC, pretendem fazer algum cruzeiro mais curto, para experimentar essas vantagens.
Se você quiser saber um pouco mais sobre as aventuras do casal, acompanhe o canal do youtube Turistante.