O perfil dos viajantes muda, o interesse cresce e o turismo dos cruzeiros se consolida como uma das experiências mais desejadas
Por Sofia Kuhlmann
Publicado às 13h
O turismo marítimo e fluvial vivem um novo auge. Depois de algum tempo em uma retomada gradual pós-pandemia, os cruzeiros voltaram a se firmar como uma das formas de viagem mais desejadas, e, consequentemente, o perfil de quem embarca vêm sofrendo cada vez mais mudanças. Em 2023, um levantamento global apontou que 82% dos viajantes que fizeram um cruzeiro pretendem repetir a experiência, o que mostra um nível de satisfação altíssimo.
O público está cada vez mais fiel, mas também mais diverso: 36% dos cruzeiristas têm menos de 40 anos, e 22% são millennials, a geração que mais planeja férias em navios. A idade média global é de 46 anos, um equilíbrio entre a energia dos jovens e o poder de consumo dos Baby Boomers e da Geração X.
No Brasil, os dados mais recentes da temporada 2024/2025 mostram um cenário parecido — mas com uma característica marcante: 66% estavam em seu primeiro cruzeiro. Ou seja, o segmento está conquistando novos viajantes, e não apenas mantendo os antigos. A maior parte dos cruzeiristas é do estado de São Paulo (60%), seguida pelo Rio de Janeiro (17%), o que reforça o peso dos grandes centros na geração de demanda.
O que os viajantes buscam em viagens de cruzeiro agora?
O cruzeirista de hoje quer muito mais do que estar no navio em si. Ele quer a sensação de explorar, descobrir e aproveitar cada escala como se fosse uma nova mini-viagem.
Segundo pesquisas recentes da CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), 78% dos viajantes descem em uma ou mais paradas e 87% afirmam querer voltar aos destinos visitados em outra ocasião. A bordo, o foco é conforto, gastronomia e diversão; em terra, é vivência, como caminhar, provar, conhecer, e experiências culturais.
O público também está mais conectado e informado, e por isso, a figura do consultor de viagens voltou a ter um papel central: 73% dos cruzeiristas afirmam ser influenciados por esses profissionais na hora de decidir o itinerário e o tipo de cabine. Essa relação reforça a busca por personalização e segurança na escolha.
Outro ponto que vem crescendo é a acessibilidade — tanto em termos financeiros quanto de inclusão. Hoje, existem mais de 100 excursões em terra acessíveis nos principais portos de escala, e 45% dos viajantes já reservaram alguma delas. Essa é uma tendência que deve se consolidar, impulsionada pela ideia de que o cruzeiros são para todos.
Um novo olhar sobre os roteiros
Os itinerários também estão mudando. O público quer variedade e autenticidade. Entre 2019 e 2023, houve um aumento de 71% no número de viajantes em cruzeiros de expedição, aqueles voltados para destinos menos explorados, como regiões polares, fiordes ou ilhas remotas.
Mesmo nas rotas tradicionais, as companhias têm buscado incluir paradas inéditas e experiências locais imersivas. É o reflexo de um viajante que, acima de tudo, quer entender o lugar onde está.
O que esperar dos próximos anos?
O futuro do cruzeirismo tende a ser mais jovem, mais sustentável e mais segmentado.
Os millennials e a Geração Z já representam uma fatia crescente do público, especialmente em viagens curtas ou temáticas (como cruzeiros de música, bem-estar e gastronomia). Eles buscam autenticidade e propósito, e isso deve pressionar o setor a investir mais em sustentabilidade e tecnologia a bordo.
Outro movimento forte é o da personalização, cabines com assistentes digitais, pacotes sob medida e experiências exclusivas devem se tornar padrão nos próximos anos. Já os viajantes mais experientes, que fizeram três ou mais cruzeiros por ano (cerca de 10% globalmente), tendem a migrar para segmentos premium ou de expedição, buscando ainda mais conforto, calmaria e exclusividade.
No Brasil, há espaço para crescimento. A temporada 2025/2026 deve atrair ainda mais novos viajantes, famílias multigeracionais e os clássicos e fieis amantes de cruzeiros!
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