Organização da COP30 prevê obra no porto de Belém para receber dois navios de cruzeiro para serem utilizados como hotel durante o evento, em novembro de 2025
Por Luísa Medeiros
A indústria de cruzeiros entra, mais uma vez, na pauta de grandes eventos no Brasil. A organização da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) quer utilizar dois navios de cruzeiro como hotel durante o evento, que ocorre em novembro de 2025 em Belém, no Pará. Para tanto, é necessária uma obra de dragagem do acesso ao porto no valor de R$ 200 milhões, cujo edital de licitação é esperado para os próximos dias. A expectativa é que a presença dos navios amplie a oferta hoteleira em 4,5 mil quartos.
Além de reforçar a rede hoteleira da cidade, a iniciativa também seria um impulso ao turismo local. Isso porque, para receber os navios, o porto de Belém precisa passar por uma obra de dragagem, ampliando o acesso ao porto e a área de manobra. Atualmente, apenas a cidade de Manaus recebe grandes embarcações. O legado dessa obra, portanto, coloca a cidade de Belém como potencial porto para receber grandes navios de cruzeiro.
Um edital de licitação, construído por mais de 30 profissionais técnicos, entrará em aprovação nos próximos dias. A expectativa, então, é que dentro de até seis meses as obras estejam concluídas. O próximo passo, portanto, seria a negociação com as companhias de cruzeiro para a disponibilização e formato da operação em Belém.
Durante as Olimpíadas de 2016, realizadas no Rio de Janeiro, dois navios serviram de hotel e ficaram ancorados no Píer Mauá. Eles ampliaram a capacidade hoteleira em mais de 4,3 mil leitos, à época.
Navios na COP30: obra deve ocorrer ainda este ano
Valter Correia da Silva, secretário extraordinário do Governo Federal para a COP30, falou sobre o tema durante o 6º Fórum CLIA Brasil, realizado na última semana em Brasília. Segundo o secretário, são esperadas, em Belém, delegações de 190 países; bem como, até 50 mil delegados. Ampliar a infraestrutura o setor hoteleiro, portanto, é uma das prioridades. Se tudo ocorrer como o esperado, as obras no porto para receber navios durante a COP30 devem iniciar ainda este ano.
“Devido à magnitude do evento, estamos fazendo um trabalho forte junto aos governos estadual e municipal, com olhos na infraestrutura, para que a cidade possa receber essas pessoas. Além de uma vila modular, os dois navios seriam uma solução rápida e viável”, afirmou. O secretário reafirmou, ainda, que esse é um investimento que se paga muito facilmente. “Além disso, gera um grande legado em termos de solução de baixo custo e altíssimo impacto”, explicou.
De acordo com Amiraldo Andrade Junior, administrador de operações do porto de Belém, é preciso aprofundar de 7,2 metros para 8,5 metros o canal de acesso ao porto, para que os grandes navios possam atracar. “É um grande desafio, mas que ficará como legado para que Belém entre na rota de grandes cruzeiros no Brasil. É importante salientar as características do canal, que é autodragável, ou seja, precisamos da presença constante de navios para que a infraestrutura necessária se mantenha sempre atualizada”, explicou.
Além da obra de dragagem para receber os navios, outros investimentos estão sendo previstos no porto de Belém. O terminal hidroviário regional, atualmente localizado no armazém 9, terá sua área duplicada para cerca de 4 mil metros quadrados, abrangendo também o terminal 10. Funcionará, assim, como um receptivo para os hóspedes dos navios.