Sexta edição do Fórum CLIA Brasil 2024 traz luz para estratégias de crescimento, competitividade e, sobretudo, ações de sustentabilidade para o setor de cruzeiros
Por Luísa Medeiros
Um olhar apurado para o futuro da indústria de cruzeiros foi a tônica da segunda parte do 6º Fórum CLIA Brasil 2024. Três painéis trouxeram discussões importantes sobre as estratégias estaduais para o crescimento do setor de cruzeiros; infraestrutura, competitividade e ESG em portos e terminais de passageiros; além da preparação de Belém (PA) para receber dois navios que devem servir de hotéis para a COP30.
O evento ocorreu em Brasília e reuniu líderes da indústria, autoridades e especialistas em cruzeiros com o objetivo de fortalecer o setor no país. Seguindo a linha dos encontros realizados durante a manhã, os painéis do turno da tarde seguiram muito próximos dos temas de sustentabilidade. E, nesse sentido, traz à tona a perspectiva de que ações que visam a proteção do meio ambiente precisam caminhar lado a lado com o desenvolvimento da indústria de cruzeiros.
Confira os principais pontos tratados nos painéis:
4º Painel – Estratégias Estaduais: Promovendo Competitividade e Crescimento no Setor de Cruzeiros
Participaram Roberto de Lucena, secretário de turismo do Estado de São Paulo; Evandro Neiva, secretário de turismo do Estado de Santa Catarina; Marília Herrmann, secretária executiva de turismo de Alagoas; e Mauricio Bacelar, secretário de turismo do Estado da Bahia. A mediação foi do jornalista André Coutinho.
O painel debateu estratégias para tornar os destinos brasileiros mais atrativos e competitivos, especialmente com foco na logística e segurança para cruzeiristas. Os representantes dos estados defenderam seus destinos e enfatizaram investimentos em infra-estrutura, segurança pública e, sobretudo, nos receptivos turísticos para proporcionar aos cruzeiristas informações relevantes e opções ao desembarcar.
Novidades como a transferência do terminal de cruzeiros de Santos para o Parque Valongo; e o estabelecimento de novos destinos para receber navios foram enfatizados pelos painelistas. Existe a expectativa de se estabelecerem novos portos em quase todas as regiões, com destaque para Santa Catarina, que está avançando em pelo menos três cidades.
Quando questionados sobre como os estados podem incentivar a indústria de cruzeiros a crescer, os representantes elencaram uma série de iniciativas que auxiliam na redução de impostos e benefícios. E, a grande maioria delas, passa por pré-requisitos que avaliam práticas sustentáveis, uso de combustíveis limpos e selos ambientais.
5º Painel – Portos e Terminais de Passageiros: Infraestrutura, Competitividade e ESG para o Presente e Futuro
Participaram do painel João Tomaz, diretor executivo da ATERC Brasil (Associação Nacional de Terminais de Cruzeiros); Bruno Tolino, superintendente de planejamento portuário da Autoridade Portuária de Santos; Eduardo Miguez, gerente de desenvolvimento de negócios do PortosRio; Antonio Gobbo, presidente da Codeba; e Gustavo Bauer, gerente de operações do Atracadouro Barra Sul. A mediação foi de Maxwell Rodrigues.
Foram tratadas as iniciativas para ampliar a infraestrutura dos portos brasileiros, com o objetivo de torná-los mais competitivos e eficientes. Foi salientado que é preciso um olhar para o futuro e para o presente para entender que caminho está sendo trilhado, pensando na responsabilidade de cada stakeholder em prol da competitividade do setor.
Com olhos nas iniciativas de ESG, o mediador chamou à mesa Rafaela Gomes de Souza e Silva, do Ministério de Portos e Aeroportos, para garantir diversidade à discussão. Ela fez uma provocação sobre quais ações vêm sendo tomadas para promover a equidade, um olhar para questões ambientais e ações sociais. Foram citados, então, acordos de cooperação com a ONU, estudos de viabilidade ambiental, ações com comunidades locais, bem como projetos de recuperação de praias e corais.
6º Painel – Preparativos para hospedagem em dois Navios na COP30, em Belém
Por fim, participaram do último painel Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil; Valter Correia da Silva, secretário extraordinário do Governo Federal para a COP30; Jardel Silva, presidente da Companhia Docas do Pará; Rosandela Barbosa, Gerente de Engenharia e Coordenadora da COP30 no âmbito da Cia. Docas do Pará; e Amiraldo Andrade Junior, administrador de operações do Porto de Belém. A mediação foi de Maxwell Rodrigues.
A conversa final do 6º Fórum CLIA Brasil 2024 girou em torno da preparação da cidade de Belém, capital do Amazonas, para receber a COP30, maior evento de meio ambiente do mundo. Dentro dos grandes desafios para uma cidade ao receber o evento da ONU está a ampliação da rede de hospedagens – e a cidade está preparando infraestrutura para receber dois grandes navios de cruzeiro que irão servir de hotel.
Foram elencadas as providências que precisam ser tomadas para dar segmento à pauta, em especial as obras de dragagem das vias fluviais de acesso à cidade. Além de garantir profundidade suficiente para grandes embarcações, é preciso também liberar a via para manobras, retirada de detritos e abastecimento. Um edital de licitação, construído por mais de 30 profissionais técnicos, entrará em aprovação nos próximos dias – e os governantes estão otimistas em relação ao andamento do projeto.
A expectativa, então, é que dentro de até seis meses as obras estejam concluídas. O legado deixado pela preparação do porto para receber os hotéis flutuantes durante a COP30 deve impulsionar a indústria de cruzeiros na região.
O evento encerrou com uma fala emocionada de Marco Ferraz e Flávio Peruzzi sobre a união do setor em prol do fortalecimento de todos os agentes que fazem parte do mundo dos cruzeiros.