Primeiro painel do Fórum CLIA 2023 reúne executivos de companhias marítimas para debater sobre tendências e perspectivas
Por Fernanda Corrêa
Durante o primeiro painel de debate do Fórum CLIA 2023, a competitividade de destinos globais foi o principal destaque entre os executivos de companhias marítimas. A conversa teve como tema de fundo “As tendências e perspectivas da Indústria de Cruzeiros no Brasil e no mundo”.
Entre os convidados estavam Adrian Ursilli (Diretor Geral da MSC Cruzeiros no Brasil); André Pousada (Vice-Presidente Regional de Relações Governamentais para América Latina – Grupo Royal Caribbean); Dario Rustico (Presidente Executivo para América do Sul e Central da Costa Cruzeiros); Estela Farina (Diretora Geral da Norwegian Cruise Lines no Brasil); bem como Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil. A mediação foi do jornalista do Grupo Bandeirantes, André Coutinho.
Houve uma unanimidade entre todos os participantes de que o Brasil é um destino atrativo e desejado por turistas estrangeiros. Além disso, de que há uma demanda latente para cruzeiristas brasileiros embarcarem durante a temporada na América do Sul. Entretanto, o cenário global é altamente competitivo. Segundo observou Adrian Ursilli, houve uma queda na produção de novos navios, em decorrência da pandemia. Somado a isso, com a abertura de mercados na Ásia, China e Índia, além dos investimentos crescentes no Oriente Médio, a procura por cruzeiros tornou-se maior do que a oferta de navios. Portanto, atualmente, eles são muito concorridos.
Neste contexto, os custos do Brasil são pouco competitivos frente à destinos globais como Caribe e Mediterrâneo, entre outros com infraestrutura mais qualificada. Além disso, as práticas tributárias reduzidas e estáveis de outros países impedem que o Brasil entre de forma mais competitiva no roteiro das companhias marítimas.
Confira os principais destaques
- Sobre as perspectivas da Costa Cruzeiros, Dario Rustico comenta: “Este ano a Costa vai chegar com três navios. Por isso, estamos empolgados com um crescimento de 24% em relação ao anterior, e ainda com a comemoração de 75 anos no Brasil. Entretanto, os custos de operação aqui são entre 40% e 50% maiores do que em outros países. Temos que ter uma estratégia para mudar isso, é muito importante nos prepararmos para os próximos anos.”
- Em relação a próxima temporada, Estela Farina compartilhou as expectativas da Norwegian Cruise Line. “Nosso grupo possui três empresas com perfis diferentes, seja de navios e de públicos. Nos próximos meses teremos seis navios de passagem pelo Brasil, inclusive, com roteiros no rio Amazonas. Vemos oportunidades aqui, mas as empresas globais olham para o mundo inteiro, onde a competitividade é grande. Gostaria de atender mais viajantes brasileiros, queremos crescer nas duas pontas – trazer mais estrangeiros e levar mais brasileiros”.
- André Pousada do Grupo Royal Caribbean concorda com cenários de competição e sobre os custos. Entretanto, adicionou um outro elemento importante, principalmente para as marcas de luxo como a Silversea. “Tudo que influencia a experiência do passageiro é importante. Ele tem que encontrar, aqui, uma experiência da mesma qualidade que tem em outros destinos, seja no aeroporto, na hospedagem do hotel ou nas excursões. Aliás, este é um fator crítico no Brasil. Precisamos, portanto, qualificar o atendimento em todo o sistema turístico, além de custo, infraestrutura portuária e segurança.”