Entre despedidas, filas e risadas, o último dia de cruzeiro mistura nostalgia, logística e até receio de encarar a balança.
Por Aline Andrade
Publicado às 10h
O primeiro sinal de que a experiência está chegando ao fim aparece no corredor: malas enfileiradas do lado de fora das cabines. É o momento em que hóspedes se despedem das roupas de festa, das lembranças compradas em portos coloridos e dá sensação de que o tempo não existia. As bagagens são recolhidas durante a madrugada para facilitar o desembarque, mas ver o corredor transformado em “galpão improvisado” costuma arrancar suspiros de resignação.
Outro capítulo à parte é a despedida da tripulação, em especial do garçom que, em poucos dias, já sabe se o hóspede prefere café com ou sem açúcar, vinho tinto ou branco no jantar. O vínculo é tão intenso que, para alguns, a saudade começa antes mesmo de deixar o navio. Não são raros os viajantes que pedem uma foto com o garçom ou até o adicionam nas redes sociais, numa tentativa de prolongar o laço criado em alto-mar.
Último dia: entre malas fechadas e despedidas antecipadas
Além das emoções, o último dia também é prático — e às vezes um pouco caótico. Horários de desembarque são distribuídos por cores e grupos, e a orientação é deixar a cabine cedo, mesmo que o navio ainda esteja atracado. A partir daí, os hóspedes circulam pelos salões com mochilas e bolsas de mão, esperando o momento de desembarcar. É uma despedida coletiva, organizada, mas inevitavelmente acompanhada de certa ansiedade.
E aí surge o grande vilão silencioso: a balança. Depois de dias de bufês intermináveis, sobremesas tentadoras e pizzas de madrugada, muitos evitam passar perto do spa ou da academia no último dia. A piada que corre entre cruzeiristas é que ninguém volta do navio com menos de dois quilos a mais — e quem ousa se pesar corre o risco de estragar a lembrança saborosa da viagem.
O “check-out emocional” também envolve o fim das rotinas criadas a bordo. O jornal diário com a programação deixa de bater à porta da cabine, os anúncios do capitão já não ecoam e o cassino encerra suas apostas na noite anterior. É como se o navio, aos poucos, fosse desligando suas engrenagens sociais, preparando o terreno para a chegada ao próximo grupo de viajantes. Além disso, ter que colocar as malas no corredor é o indício que realmente acabou.
Últimas tentações
Há ainda a corrida pelas últimas compras no free shop, que fecha nas primeiras horas do último dia. Quem esqueceu de comprar o perfume, a caixa de chocolates suíços ou a garrafa de vinho costuma enfrentar filas dignas de Black Friday. Afinal, a sensação de “é agora ou nunca” toma conta dos corredores comerciais.
Os fotógrafos de bordo também aproveitam para vender seus cliques finais. É quando os hóspedes descobrem que, ao longo de sete noites, posaram mais para câmeras do que imaginavam. Muitos se rendem e compram pacotes de fotos, para não perder aquela experiência memorável.
No desembarque, a mistura de emoções é visível: viajantes felizes por rever a família, mas já com um leve arrependimento por não terem aproveitado “mais um pouquinho”. Alguns garantem vaga em futuros cruzeiros antes mesmo de deixar o porto.
No fundo, o drama do último dia é também prova de que a viagem cumpriu seu papel: criar memórias intensas, vínculos inesperados e histórias saborosas para contar. Afinal, se até a saudade do garçom e o medo da balança e de colocar as malas no corredor entram no pacote, é porque uma viagem de cruzeiro foi mesmo inesquecível.
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