Conhecida por mares revoltos e clima imprevisível, a travessia é considerada um rito de passagem dos aventureiros
Por Redação Krooze
Publicado às 14h34
Entre o extremo sul da América do Sul e a Península Antártica, está uma das travessias marítimas mais desafiadoras, temidas e imprevisíveis do planeta: a Passagem de Drake. Com cerca de 800 quilômetros de extensão, esse corredor marítimo separa o Cabo Horn, no Chile, das Ilhas Shetland do Sul, marcando o ponto de encontro entre o oceano Atlântico e o oceano Pacífico. É também a rota obrigatória para quem se aventura até a Antártida por mar.
A fama da Passagem de Drake se deve à combinação de ventos intensos, mar agitado e um dos climas mais instáveis do mundo. Ondas de mais de 10 metros não são incomuns e o cenário pode mudar drasticamente em poucas horas. A ausência de massas continentais ao redor permite que as correntes oceânicas e os ventos circumpolares ganhem força, transformando o trecho em um verdadeiro campo de batalha entre embarcação e natureza.
Drake Lake, Shake e Soft: o humor do oceano na Passagem de Drake
A imprevisibilidade da Passagem de Drake deu origem a expressões populares entre tripulantes e cruzeiristas. Quando o mar se mostra calmo e o céu estável, a travessia é apelidada de Drake Lake — um lago de águas plácidas, quase inacreditável para quem conhece a reputação da rota. No extremo oposto, quando o mar ruge, as ondas se elevam e os balanços tornam a locomoção difícil, fala-se em Drake Shake — como se o oceano estivesse sacudindo violentamente o navio.
Há ainda uma terceira expressão usada por guias e tripulações experientes: o Soft Drake. Trata-se de uma condição intermediária, em que o mar está mexido, mas sem grandes extremos. É uma travessia com oscilações moderadas, que exige cautela, mas não chega a assustar.
Dica Krooze: as embarcações que atravessam o Drake são totalmente preparadas para realizar a travessia.
Experiência transformadora e incontrolável
“A Passagem de Drake é imprevisível. Você pode sair de Ushuaia com um mar absolutamente calmo e, do nada, o tempo vira. É uma travessia que impõe respeito e exige humildade diante da natureza”, relata Edi Guerreiro, diretor executivo da Antarti.co e ex-diretor de vendas da Swan Hellenic. Com duas travessias no currículo, ele destaca o impacto emocional da jornada: “É quase uma meditação forçada. Durante as 36 a 48 horas que dura o trecho, você está à mercê do oceano, e isso te conecta com a essência da exploração.”
Para Edi, enfrentar o Drake é uma espécie de batismo antártico. “Passar pela Passagem de Drake é um rito de passagem mesmo. Você sente que está atravessando um limite simbólico entre o mundo que conhecemos e o desconhecido. A Antártida começa ali.”
Desafios, precauções e alternativas
Durante a travessia, o uso de medicamentos contra enjoo é comum, e as instruções de segurança recomendam evitar circular desnecessariamente pelo navio. Em compensação, é também o momento em que muitos hóspedes assistem a palestras científicas, participam de workshops de fotografia e avistam aves marinhas como albatrozes e petréis sobrevoando a embarcação.
Para quem prefere evitar os riscos — ou o desconforto — da travessia, existem alternativas aéreas. Algumas companhias oferecem voos a partir de Punta Arenas, no Chile, até a Ilha do Rei George, na Antártida, permitindo embarques diretamente em águas mais calmas. No entanto, o transporte aéreo também carrega incertezas: o clima na Antártida pode fechar repentinamente, atrasando pousos e decolagens por dias.
Um desafio que vale a recompensa
Independentemente da rota, quem chega à Antártida costuma considerar o esforço mais do que recompensado. As paisagens inóspitas, as geleiras colossais, as colônias de pinguins e as baleias saltando ao redor dos zodíacos criam uma experiência única, muitas vezes descrita como espiritual.
Imagens da Antártida durante expedição
Fonte: Edi Guerreiro
“A Antártida é o último grande silêncio da Terra. E a Passagem de Drake é a porta de entrada para esse silêncio. Você nunca volta o mesmo”, afirma Edi Guerreiro.
Dica Krooze: a Swan Hellenic é uma das companhias que atravessam a Passagem de Drake rumo à Antártida. E a Antarti.co é uma operadora especializada em viagens polares.
Para mais informações, consulte seu agente de viagens!
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