Executivos das companhias marítimas e da CLIA Brasil compartilham suas percepções sobre o setor de cruzeiros no Brasil, durante evento Cruise360 Brasil
Por Fernanda Corrêa
Quais são os próximos passos para agentes de viagem, companhias marítimas e autoridades? Por um lado, o Brasil demonstra inúmeras oportunidades de crescimento. Há espaço para atrair mais navios, vender mais e abrir novos destinos. Por outro, a competitividade do país está em baixa, e ainda existem mitos a serem derrubados sobre viagens de navio, para conquistar mais brasileiros. Durante o evento Cruise360, realizado em 24 e 25 de fevereiro, em Santos, coletamos as percepções de três executivos do segmento de cruzeiros: Adrian Ursilli (diretor geral da MSC Cruzeiros); Dario Rustico (diretor geral da Costa Cruzeiros); e Marco Ferraz (presidente da CLIA Brasil).
Confira então, um panorama das novidades, desafios e oportunidades para o mercado de cruzeiros no Brasil.
Novidades
Evento Cruise360 Brasil terá novo formato
Este ano o Cruise360 Brasil teve cerca de 300 participantes. Entretanto, em 2025, a CLIA Brasil deseja chegar aos 3 mil participantes, como é nos Estados Unidos. De acordo com Marco Ferraz, o novo formato poderá incluir a realização do evento em um hotel, juntamente com visitas técnicas a 3, 4 ou 5 navios, para aproveitar ao máximo o tempo dos agentes. “A ideia é realizar o evento depois do Carnaval, vamos ver se será itinerante, depende dos navios. Mas queremos crescer muito, com várias visitas técnicas”, completou.
Desafios
Estar sempre atualizado
Segundo Adrian Ursilli, este é um desafio constante para os agentes de viagem. Isso porque, segundo o executivo, na indústria marítima os navios evoluem numa velocidade muito grande. Seja em termos de serviços, espaços, e atividades a bordo; como também nos roteiros, portos, procedimento de reservas e documentação para embarque e desembarque. Destaca também que é um ambiente bastante complexo, pois engloba os modais complementares. Quem vende cruzeiro marítimo também oferece para o seu hóspede o transporte rodoviário, a dica de estacionamento (Cruise and Drive) e ainda o bilhete aéreo, com hospedagem pré ou pós.
Por isso, para atender o consumidor é fundamental que estude, leia, conheça os produtos, os diferentes navios e, principalmente, como funciona a dinâmica a bordo do navio.
“Ás vezes o hóspede embarca e não sabe o que tem dentro do navio. Se ele chegar bem orientado e bem informado, planeja seu tempo, para fazer melhor uso da sua viagem, sem corre-corre ou improviso”, reforça o executivo sobre a importância do papel do agente de viagem.
Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros
Brasil precisa melhorar competitividade
Atualmente, a operação no Brasil é 50% mais cara que em outros países. Segundo Ferraz, “Não queremos ser os mais baratos, mas estar na média. Estamos trabalhando nos portos, nos terminais e no serviço de praticagem, para o Brasil ser competitivo. É um trabalho contínuo, com muitos intervenientes – Ministério do Turismo, Ministério do Transporte, Casa Civil, Antac, Anvisa – e todos os portos.”
“As oportunidades que vejo no Brasil, não vi em outros lugares. Mas não podemos ficar felizes com o que temos agora, o Brasil é muito mais. É importante que as autoridades, portos e governo possam reconhecer os cruzeiros como um negócio estratégico, que traz oportunidades e desenvolve a economia. Vamos crescer juntos, temos que fazer mais.
Dario Rustico, diretor geral da Costa Cruzeiros Brasil
Complementando, Adrian Ursilli, comentou que a relação da MSC Cruzeiros com o Brasil é muito forte e continuarão trazendo navios para os cruzeiristas do país. Entretanto, outros mercados têm alta demanda e custos menores. Por exemplo, Estados Unidos, Europa, Emirados Árabes, norte da Europa. Embora otimista, caso os custos no Brasil não reduzam, observa uma tendência de priorizarem mercados com maior produtividade, melhor infraestrutura e, consequentemente, com resultados mais positivos para a companhia.
Oportunidades
Ampliar número de agentes que vendem cruzeiros
Dos 6 mil agentes de viagem no Brasil, 20% representam 80% do volume de vendas. Ou seja, ainda temos um universo pequeno de agentes de viagem que vendem navios. Segundo Ferraz, há uma grande oportunidade para ampliar o número de agentes que realizam vendas de cruzeiros.
“Precisamos desmistificar alguns receios, por exemplo, ainda tem muita gente com medo de viajar de navio. Há espaço para crescimento, só que o país precisa ser mais competitivo.”
Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil
Atrair mais navios
Atualmente 32 navios navegam na costa brasileira, entre cabotagem e viagens de longa distância. Entretanto, há mais 44 navios que não param nos nossos portos, que poderiam ser atraídos. Outra oportunidade são os navios de expedição que estão indo para Ushuaia. “Passam pelo nosso litoral mas ficam aqui apenas 1 ou 2 semanas. Queremos que fiquem um mês na descida e mais um mês na volta”, completou Ferraz.
Abrir novos destinos para navios menores
A CLIA Brasil vem realizando um esforço para abrir novos destinos para navios menores. Entre eles está Fernando de Noronha, um destino desejado pelas companhias mas que está aguardando licenciamento do Ibama. Atualmente outros destinos já estão nos roteiros destes navios, tais como, Amazonas, Parati, Abrolhos, Porto Seguro; e três navios já incluíram São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
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