Iniciativas em destaque no setor de cruzeiros marítimos que contribuem com a visão global da data comemorativa
Por Fernanda Corrêa
No dia 8 de junho é comemorado o Dia Mundial dos Oceanos, data instituída durante a Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro. Ao longo dos últimos anos, o segmento de cruzeiros marítimos vem aderindo a protocolos ambientais globais e investindo em tecnologias inovadoras para minimizar o impacto de suas operações sobre o meio ambiente. Afinal, o futuro dos oceanos e a sustentabilidade dos negócios navegam juntas e, apesar das iniciativas implementadas, muitas mudanças estão por vir.
O tema escolhido para a comemoração deste ano, Revitalização: Ação Coletiva pelo Oceano, exemplifica como o comprometimento com a conservação dos oceanos deve ser tratado de maneira ampla – envolvendo empresas, instituições governamentais e de pesquisa, organizações sem fins lucrativos, ciência e comunidades, entre outros públicos. Sobre a temática de 2022, a organização justifica que “precisamos trabalhar juntos para criar um novo equilíbrio com o oceano para que não esgote mais sua generosidade, mas restaure sua vibração e lhe traga nova vida.”
Os oceanos ocupam 71% da superfície do nosso planeta, contribuem para a absorção do gás carbônico e ajudam a minimizar o aquecimento global, sem mencionar o impacto econômico em atividades como pesca e aquicultura, transporte marítimos entre países, turismo, e as belezas naturais que proporcionam com suas praias, ilhas e paisagens. No Dia Mundial dos Oceanos, destacamos as iniciativas de sustentabilidade no segmento de cruzeiros marítimos que contribuem para a visão global desta data comemorativa.
1- Frotas mais sustentáveis
Apesar dos atrasos devido à pandemia, as companhias marítimas estão renovando sua frota para navios mais sustentáveis, seja no uso de combustíveis com baixa emissão de gases de efeito estufa, seja no uso de tecnologias que minimizam o impacto ambiental de suas operações.
De acordo com Relatório de Sustentabilidade 2020 da CLIA – Cruise Lines International Association – 25 novos navios de cruzeiros movidos a gás natural liquefeito (GNL) estarão em navegação nos próximos anos, representando 49% da capacidade global de passageiros. Este é o combustível marítimo mais limpo disponível atualmente em escala comercial – elimina as emissões de poluentes atmosféricos como óxidos de enxofre em 99%, óxidos de nitrogênio em 85% e particulados em 99%. Essa redução nas emissões tem um impacto global na mitigação das mudanças climáticas e os motores dos navios de GNL terão o potencial de reduzir as emissões de dióxido de carbono em até 25%, em comparação com os combustíveis marítimos padrão.
A mudança envolve também o design dos navios, projetados para diminuir o consumo de combustível e para reduzir o ruído subaquático que possa afetar a fauna marinha. Além disso, inclui a adoção de tecnologias inovadoras que otimizam diversas frentes da operação, entre elas, utilizar o calor dos motores para produção de energia, aprimorar o tratamento das águas residuais, realizar o tratamento do lixo a bordo e reaproveitamento da água consumida no navio.
2- Remodelação na infraestrutura dos portos
Uma novidade em fase de expansão é o fornecimento de energia terrestre para os navios atracados nos portos. Isso já é realidade em Southampton (Reino Unido), principal porto de embarque de cruzeiros da Europa – e em Rostock-Warnemünde, (Alemanha). Entretanto, projetos nos principais portos da Europa e dos Estados Unidos também estão em fase de desenvolvimento e implementação.
A energia proveniente de terra desempenha um papel fundamental, pois permite que os navios desliguem seus motores e se conectem à energia elétrica local para operar seus sistemas de bordo. Com a eletricidade chegando ao navio por meio de um transformador especialmente projetado no porto, esse processo evita as emissões produzidas pelos geradores a diesel, melhorando a qualidade do ar local e reduzindo os níveis de ruído e vibração. O meio ambiente e as comunidades vizinhas se beneficiam diretamente da tecnologia de energia proveniente de terra.
3- Sustentabilidade a bordo
Culinária com ingredientes de origem controlada, incluindo peixes e ingredientes de origem marinha, reutilização de utensílios para reduzir a produção de lixo, comercialização de protetores solares não-nocivos aos corais nas lojas dos navios são algumas das iniciativas a bordo.
Na Virgin Voyages, por exemplo, companhia lançada em 2021, os grandes buffets foram substituídos por espaços menores de refeições e os pratos são preparados mediante o pedido dos hóspedes, minimizando assim o desperdício de 225 toneladas de comida por navio, segundo o Relatório de Impacto 2022 da empresa. Toda água potável consumida a bordo é gerada por processo de dessalinização – e os hóspedes podem se servir livremente em estações de refil a bordo. Na campanha a bordo Tip The Ocean, ou Dê uma Gorjeta para o Oceano, a Virgin Voyages incentiva os hóspedes a doarem alguns dólares para as ONGs apoiadas pela companhia cujo foco é preservação dos Oceanos.
4- Excursões sustentáveis
O turismo sustentável é uma tendência em crescimento em diversas companhias marítimas. Observa-se um aumento na oferta de excursões em terra que promovem visitações a projetos ambientais e sociais – criando assim, um impacto positivo sobre a comunidade local e proporcionando uma experiência com propósito social e educativo para o hóspede.
As ofertas incluem visitas a projetos de agricultura biodinâmica, a santuários de proteção animal e fazendas de produção de peixes, ostras e crustáceos, além de cruzeiros de expedição que promovem imersões em locais remotos do planeta como Antártida, Alasca e Galápagos, com protocolos rígidos de controle ambiental. Incluem até a coleta de plásticos nas praias visitadas e limpeza de pedras no litoral.
A Norwegian Cruise Line, por exemplo, conduz um estudo para salvar o arrecife de corais ao redor da ilha particular da companhia, nas Bahamas, dizimados pelas ações climáticas. A MSC Cruzeiros também recuperou todo ecossistema da ilha Ocean Cay, criando também uma fundação dedicada a preservação marinha, juntamente com um centro de conservação para estudos de corais.
5- Redução na emissão de carbono
As companhias marítimas participam de protocolos globais para redução de 40% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, em comparação aos níveis de 2008 – e zerar emissão líquida até 2050. O compromisso é decorrente de um esforço conjunto na implementação de tecnologias inovadoras, parcerias com estaleiros, fornecedores de energia, empresas de infraestrutura, desenvolvedores de tecnologia e instituições acadêmicas.
Estudos aprofundados sobre células de combustível, embarcações movidas a hidrogênio e outras tecnologias emergentes despontam como as novas perspectivas para que, num futuro próximo, os navios atinjam a marca de zero emissões líquidas.
Campanha UN World Oceans Day 2022
Assista abaixo ao vídeo da campanha de 2022, criada pela ONU para o Dia Mundial dos Oceanos. A narração é feita pela modelo e embaixadora pela sustentabilidade, Amber Valletta, que será a anfitriã do evento deste ano a ser realizado na sede da ONU em Nova York, no dia 8 de junho; pela ativista climática Xiye Bastida; e pela bióloga marinha, Sheena Talma, que falará no evento deste ano.